quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pensando sobre possíveis mudanças e contribuições das tecnologias

O século XXI, com suas conquistas científicas e tecnológicas nas diversas áreas, traz à escola inegáveis desafios: é preciso atender a todas as crianças, dando-lhes condições para aprender e atuar nessa dinâmica e complexa rede de interlocuções chamada sociedade.
Ocorre que os números atuais preocupam educadores e estudiosos, tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo. A escola não está conseguindo cumprir sua missão de cooperar para que o aluno aprenda. E esta constatação diária tem incomodado muita gente. O que fazer, então?
Bem, parece óbvio que não basta constatar. Nem mesmo procurar culpados. Parece-me mais sensato buscar saídas, alternativas, que possam, não num passe de mágica, mas, gradativamente, ir ganhando espaço, galgando conquistas.
Tornar a escola mais acessível ao aluno seria, então, um bom começo. Isso perpassa repensar o currículo, as posturas e práticas pedagógicas, as formas de ensinar e aprender. Historicamente, a escola tem se desvencilhado das práticas sociais de seu tempo e, por isso, não tem conseguido se mostrar atraente, atrativa. Nesse sentido, as tecnologias como ferramenta pedagógica se apresentam como forte aliada no processo de ensino e aprendizagem. Esta se faz soberana, ocupando os diversos espaços da vida social, desde os mais simples, como se comunicar com uma pessoa querida, realizar transações comerciais, ou, simplesmente, registrar e socializar aquele momento marcante de nossa vida. Para isso, podemos contar com uma diversidade de opções à nossa escolha: câmera digital, filmadoras, pen drives, computadores, celulares, dentre outras inúmeras possibilidades, e as pessoas geralmente se apropriam desses recursos sem grandes dificuldades, sem ler manuais, ou participar de treinamentos ou cursos. Aprendem fazendo, vivenciando; através de tentativas, de erros; de observações, experimentações; de trocas, de buscas; aprenderam porque isso fez sentido para sua vida. As coisas que acontecem na escola deveriam ser assim. Mas não é o que acontece. Na escola, todo este aparato foi, e não raras vezes, continua sendo visto com desconfiança. Dizia-se que o professor em breve seria descartado, para ceder espaço aos meios instrucionais virtuais. Quando utilizadas, as novas tecnologias frequentemente servem de suporte para reforçar práticas pedagógicas antigas, que pouco contribuem para a criação, a reflexão, a resolução de situações-problemas instigantes e, portanto, interessantes para o aluno. Como coloca Valente (p.139), “a escola deveria ser interessante não pelo fato de ter um artefato, mas pelo que acontece nela em termos de aprendizado e desenvolvimento intelectual, afetivo, cultural e social”. Isso tudo traz à tona outra situação: a falta de preparo do professor para lidar com estas situações. Como defende Demo (p.134), “é preciso cuidar do professor, porque todas essas mudanças só entram bem na escola se entrarem pelo professor”. Daí a importância da participação em cursos de aperfeiçoamento, da formação inicial e continuada, de um plano de carreira sólido que valorize e incentive o professor a renovar-se, a buscar, se reconstruir. Esse professor não será substituído pelas máquinas, porque um sujeito que saiba pensar, que seja crítico e que saiba organizar situações de aprendizagens coerentes com a dinâmica e os anseios da sociedade atual, que seja capaz de se adaptar a mudanças e que proponha, ele mesmo, mudanças nas coisas que estão aí se perpetuando,se torna cada vez mais necessário, indispensável.
A esse professor, as mídias disponíveis se apresentam como uma oportunidade para entrelaçar as diferentes linguagens, as diferentes tecnologias, os diferentes espaços, encurtar distâncias, promover interação, troca de experiências, socialização de conhecimento e espaço de pesquisa, experimentação e re-criação.
Esse professor deve ser cada um de nós. Essa inquietação deve nos impulsionar a agir, a cooperar, a buscar continuamente. A apropriação de novas ferramentas e tecnologias pode facilitar o nosso caminhar, na busca de uma escola mais eficaz e menos excludente, que contribua para a formação integral do aluno, a fim de que este possa participar de forma mais igualitária da vida social.
Rogeane Sousa - Supervisora Escolar